O poder dos mitos e das narrativas

Adao e Eva

Você já percebeu como nós gostamos de estórias? Escrevi propositalmente com a letra “e”, ao invés de “histórias”, porque não importa qual o nível de verdade: todos gostamos muito de narrativas.

Desde tempos imemoriais, muito antes de desenvolver a escrita, os seres humanos alimentavam seus mitos, lendas e contos, que eram transmitidos de geração a geração, sob noites estreladas ao redor da fogueira. Todos os povos tradicionais e ancestrais, não importando seu continente ou quão isolados estavam uns dos outros, tinham este mesmo costume em comum.

Na América do norte nativa, todas as tribos tinham um “contador de histórias” oficial – ou um “cabelo trançado” como era chamado.

Estes momentos eram tanto para compartilhar o dia, os desafios ou vitórias; quanto para lembrar e honrar a figura de seus heróis do passado.

Na Grécia e Roma, as precursoras da civilização ocidental, temos a presença de deuses, semi-deuses e outros personagens mais-ou-menos humanos. Digo isso porque, apesar do epíteto “deuses”, todos tinham traços que se aproximavam dos “humanos comuns”, por isso o panteão celestial tinha sempre algumas intrigas, diferenças e até castigos divinos.

Mas nós, que nos julgamos mais evoluídos que nossos antepassados, fomos levados a acreditar que tudo isso era tolice de homens e mulheres primitivos, e que estes contos eram apenas uma enorme bobagem. Mas ao pensar desta forma, colocamos um véu de esquecimento sobre um dos maiores poderes que cercam nossa consciência: o poder dos mitos.

Vou começar por um dos mais conhecidos no ocidente – e tenho certeza de que você já o ouviu várias e várias vezes.

Um belo dia, Deus criou o céu e a terra, e lá pelas tantas fez Adão do barro. Como este andava solitário, extraiu dele uma costela e criou Eva. Esta última, por inocência ou ignorância, deu a Adão a tal maçã proibida, fazendo com que ambos fossem expulsos do paraíso, condenados a vagar por um mundo hostil e perigoso.

(ps.: esta é a estória mais contada, mas entenda que existem diferentes versões da mesma!)

E aí, resumida em poucas linhas, temos a causa de boa parte dos problemas que nossa civilização enfrenta hoje: a ideia de que a mulher é inferior (afinal, ela é só um pedaço do primogênito masculino), de que Deus (que é um velho macho) está “em algum lugar do céu” para o qual vamos apenas depois da morte, e que precisamos ganhar a vida “com o suor do nosso trabalho”.

Quando os conquistadores espanhóis e portugueses chegaram nas Américas, trazendo consigo seu sistema de crenças patriarcais que lhes dava o direito de explorar tudo que desejassem (inclusive os outros seres humanos que já moravam lá e se opunham a isso), encontraram um sistema religioso completamente diferente do seu.

Na visão nativa, eles jamais foram expulsos do paraíso!

Mais ainda, eles eram os sagrados guardiões do santuário que chamavam Pacha Mama – a mãe terra, esta divindade feminina, sempre amorosa e benevolente, que lhes supria todas as suas necessidades.

pachamama

Explorar o corpo deste Ser vivo era inconcebível, porque eles não eram os “proprietários da terra”, pelo contrário – todos somos PARTE DA TERRA. E os lagos, rios e montanhas, seu altar de adoração.

Talvez você nunca tenha se dado conta, mas este gritante contraste por traz das narrativas que ouvimos, geração após geração, carregam consigo implicitamente a ideia da culpa, separação, e que devemos lutar para sobreviver! E mesmo que você não tenha dado importância pra estas estórias religiosas, seus ancestrais deram, viveram e moldaram seu comportamento sobre essa ideia. Por isso, não importa o quanto você acredite nisso: a crença do sofrimento está impresso na genética e no inconsciente coletivo ocidental.

Agora que já entendemos o poder das narrativas e dos mitos, você já percebeu que a indústria de entretenimento mais lucrativa do mundo é o cinema? E o que ele faz? Basicamente, conta e reconta estórias…

E se pensamos na TV aberta, incontáveis estudos mostram o poder das novelas em influenciar e criar tendências – baseados, naturalmente, no que seus controladores julgam melhor conforme seus próprios objetivos…

Você já se deu conta de como nossa sociedade está dividida atualmente? E o que existe por traz disso?

Agora com base em todo esse arsenal de informações negativas que somos bombardeados na era da informação em que vivemos, a pergunta chave que devemos nos fazer é: que estórias eu carrego comigo? E não me refiro agora apenas aos mitos que mencionei, mas que narrativas ouvi de minha família, seus sofrimentos e infortúnios, conquistas ou desventuras, condições ou genética de saúde?

E que eu conto ou falo pra mim mesmo diariamente? Talvez eu diga que sou um perdedor, que nunca consigo nada, que tudo é difícil, que estou condenado a isso ou aqui, que meu corpo não ajuda, que minha mãe isso, ou o abandono de meu pai aquilo…

Quem ainda estou culpando pelos meus problemas? A quem estou atribuindo minhas dores? Ou seja: que oceano de estórias negativas, dores e sofrimentos estou carregando, apesar de estes eventos terem ocorrido a anos, ou até décadas atrás?

E você percebeu que tudo isso cria um filme mental negativo em nossa mente? Sem perceber, criamos nosso destino, dirigimos o filme e vivemos o trágico papel principal!

Podemos não perceber, mas entre as narrativas que contamos e os fatos que vivemos, existe uma enorme diferença! Sim, eles não são a mesma coisa! Mas o mais importante é que enquanto carregamos memórias e filmes mentais que nos fazem acreditar no medo, na escassez, na dor, na doença, na genética, criaremos vidas baseadas nestas memórias, não importa a quanto tempo tenham acontecido!

Narrativas tem poder! E vamos representa-las no mundo, mesmo sem ter conhecimento disso!

Por estes motivos, precisamos olhar para nossas próprias estórias pessoais, e estar dispostos a mudar o que guardamos. Porque não importa o que aconteceu: por mais difícil que tenha sido, JÁ PASSOU! Mas se a estória estiver viva em nossa memória, este mesmo evento vai continuar se replicando, indefinidamente.

E mais ainda: estas narrativas não são apenas um pensamento vago ou abstrato em nossa mente – biologicamente, todas as células de nosso corpo terão seu comportamento governado por isso. Energeticamente, estas informações estão organizadas em nossos chacras – que irão transporta-las, vida após vida, levando nossas dores, problemas e sofrimentos não importa onde nós estivermos!

Estas estórias vivem em nosso inconsciente, direcionando os personagens que interpretamos em nossas vidas. E se estes personagens são fracos, vitimas ou indefesos, estes serão os comportamentos que iremos refletir.

E agora vem a pergunta de um milhão de sorrisos: dá pra mudar esta situação?

Sim, é claro que dá! E quando mudamos este conteúdo interno, nossa vida muda porque ela apenas reflete quem somos: relacionamentos florescem, doenças desaparecem, habilidades novas surgem, perdoamos…

Neste momento, percebemos que estávamos vivendo um pesadelo – familiar ou coletivo, mas que podemos apenas acordar e começar novamente. E não importa o que tenha acontecido, ou quantos anos temos: percebemos que podemos sonhar um novo mundo e criar uma nova vida!

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