Observação de si mesmo: passo indispensável no autoconhecimento

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Você que é um buscador espiritual, e não importa em que nível se classifique (iniciante ou experiente), precisa aprender que existe um passo fundamental e definitivo pra crescer e ter resultados no processo do despertar. Na realidade são 2 passos, mas vamos falar especificamente sobre o passo número 1 para qualquer buscador: a capacidade de se auto-observar.

Entenda que sem essa base, sem essa estrutura, podemos ler muitos livros sobre autoconhecimento, participar de cursos, seminários, retiros… mas sem essa qualidade, não existem passos definitivos no caminho: é a capacidade de observar a nós mesmos!

Em função do meu trabalho, e conforme interajo com as pessoas, fica muito claro que este é o ponto onde ocorrem as maiores falhas, porque sem observar a si mesmo, nunca iremos nos conhecer!

Mas entre a correta observação e a crítica, julgamento, ou descrição do que vejo, existe uma diferença muito grande.

Por exemplo: quando olhamos pela janela e vemos um carro, uma pessoa, uma árvore… o que significa observar este objeto? É quando exercitamos um reconhecimento silencioso, mas não existe necessidade de descrever o objeto da percepção. Por outro lado, quando começamos a descrever algo (o carro é vermelho, velho, riscado…) ou contamos qualquer história sobre o mesmo, perdemos completamente o sentido do que fazemos! Saímos da consciência pura, e entramos no nível da mente condicionada, ou seja: observação é perceber as coisas como elas são; descrição mental é falar coisas a respeito de algo – e justamente aí que um número significativo de buscadores escorregam, porque ouvem falar sobre a observação de si, mas na realidade estão julgando a si mesmos, a criar rótulos como “sou muito burro mesmo, outra vez me comportando assim” ou “será que nunca vou aprender que deveria ser diferente” ou “eu deveria isso” ou “eu deveria aquilo”… são estórias mentais, e qualquer outra coisa que envolva palavras ou descrições perde seu propósito maior.

Observação é reconhecer as coisas como elas são, sem julgamento, crítica, descrições, sem tentar qualquer tipo de análise mental.

Neste momento, enquanto você lê este texto por exemplo, pra absorver melhor o conteúdo e realmente aprender, é preciso um modo de atenção pura, quando a informação entra sem resistência da mente, ou seja, sem analise ou julgamento imediato: apenas ouça, e tire tempo para refletir depois (esse é o princípio da atenção pura)!

Quando observar alguém na rua, ou uma árvore, ou um objeto… apenas esteja lá, sem reagir.

Observar a si mesmo não é diferente de observar objetos externos: apenas fomos levados a acreditar que o universo externo é muito mais importante que o interno, e não damos a devida atenção ao que ocorre dentro. E com isso, perdemos a capacidade de nos perceber, sendo necessário agora exercitar e reaprender.

A maior falha que costuma ocorrer neste sentido é a ideia de que se observar é se julgar, se rotular, se criticar, quando na realidade tudo que precisam fazer é estar presentes, olhando a nós mesmos – até já falei sobre isso num texto sobre CURAR AS PESSOAS ATRAVÉS DO ESTADO DE PRESENÇA. A questão agora é apenas mudar o foco, curando a nós mesmos através da nossa capacidade de estar silenciosamente se estudando e reconhecendo, partindo do estado de presença. Como fazer?

No dia a dia, procure padrões de comportamento repetitivos. Por exemplo: sempre que ouço algo reajo da mesma forma, sempre que vejo alguém penso da mesma maneira, sempre que vejo um comportamento reajo de forma similar. É a observação que nos permite identificar estas repetições, nossas histórias mentais e descrições sobre a vida.

É muito simples perceber essas ocorrências quando temos estereótipos sobre um determinado grupo de pessoas (que geralmente nem conhecemos): “tal tipo de pessoa significa tal coisa” e cada vez que vejo alguém daquela tribo/gênero/identidade, disparo meu gatilho de reações e passo a contar estórias sobre este grupo. E por consequência, reagimos e nos comportamos em conformidade com nossos pensamentos (geralmente sem consciência disso).

Mas se não me observo, com clareza e transparência, não nos conhecemos e com isso, não existe mudança.

E como isso acontece, como faço na prática?

Vamos começar entendendo que somos seres formados por diferentes “pedaços” ou estruturas. Uma destas, é nossa ESSÊNCIA ESPIRITUAL – e conforme este material vai sendo trabalhado, ele toma forma como nossa CONSCIÊNCIA.

Podemos fazer uma analogia: nossa essência é o barro de um artesão, sem formas definidas. Mas conforme vai sendo trabalhada, começa a formar estruturas imperfeitas. Com o treino do artesão, este deixa de ser um aprendiz na arte e torna-se um mestre (utilizando uma simbologia da maçonaria), permitindo que o barro se transforme numa obra de arte! Em alquimia, é o chumbo transformando-se em ouro. E o caminho mais eficiente pra estimular essa essência, é entender algumas de suas características: quando estamos firmemente assentados nela, experimentamos o SILÊNCIO INTERIOR e a CAPACIDADE DE ESTAR EM PAZ.

Quando saímos de qualquer destas duas qualidades (contando histórias mentais, ou sentindo desconfortos emocionais e internos), significa que saímos do espaço da consciência pura e retornamos para a mente condicionada, com seus pensamentos incessantes e compulsivos, e sensações emocionais e energéticas descontroladas (é a mecânica da mente adormecida!). Ir além disso, significa que os aspectos mais elevados de nosso Ser têm encontram a oportunidade de SIMPLESMENTE ESTAR.

E observar-se é dar permissão para que este lado que é nossa quietude possa “habitar em nós”, percebendo o barulho, a bagunça, o desconforto interno (porque, naturalmente, todos começamos como aprendizes, e todos vamos começar na num espaço de desordem!): sem julgamento, crítica, ou desejando que as coisas sejam diferentes do que são, independente do contexto em que vivemos!

Esse é um passo definitivo em nosso trabalho de abertura interior: aprender a ESTAR PRESENTE, quando existe alegria e prazer (que todos queremos) ou dor e sofrimento (normalmente quando tentamos fugir ou nos julgamos com pensamentos do tipo “isso não deveria estar acontecendo, eu deveria ser diferente…”).

E o que eu faço com nossos comportamentos negativos, aqueles que definitivamente estão nos causando problemas?

Se contamos uma história sobre eles, acabamos de ser absorvidos pela mente, nos identificamos com a fonte de nossos problemas: saímos do posto da presença e entramos na área da mente adormecida! Então é tudo muito simples: OBSERVE SUA NEGATIVIDADE!

Primeiro, vamos perceber a desordem, nossas contradições, ideias tolas, paradigmas gastos, a doença mental que adquirimos do mundo, os pesadelos que construímos por acreditar em crenças sociais… Observar a si mesmo é perceber que existe UM OBJETO a ser reconhecido, e UM OBSERVAR que atua em silêncio!

Segundo, vamos perceber que por mais que nos esforcemos, a mente sempre vai tentar nos absorver e distrair – um mecanismo ao qual nos acostumamos desde sempre, mas essa identificação com processos mentais é o tema de outro artigo, que vamos falar na sequência.

Mas existe algo ainda mais surpreendente: ao estar na postura de observador percebemos que mesmo que exista agito, desconforto ou qualquer tipo de sensações desagradáveis, existe AQUELE que percebe tudo isso: é a PRESENÇA consciente que vê e sente o mundo por seus olhos, sem tentar lutar contra aquilo – e esse OBSERVADOR é nosso “barro” tentando tomar forma!

Mas lembre-se: é bastante comum iniciar este trabalho e “tentar observar-se” partir da mente, entrando em julgamentos e críticas, descrevendo o que vemos. Mas no nível da consciência, reconhecemos aquilo que precisa de desordem como uma VERDADE INTUITIVA, não com um discurso em nossa cabeça!

E pra finalizar, a prática nos trará uma nova dimensão e um novo sabor, quando compreendemos nossas estruturas e energéticas e sua capacidade de mostrar nossa realidade em um nível que vai além da mente discursiva. De que maneira? É bastante simples: se meus pensamentos me causam qualquer tipo de desconforto, é muito importante aprender a SENTI-LO pra que sua verdade possa ser revelada (desconfortos sempre provém de um pensamento condicionado).

Ao completamente oposto dos pensamentos conectados a nossa essência espiritual nos trazem INSPIRAÇÃO – e são esses que precisam ser ouvidos e cultivados! Por consequência, quando entendemos verdadeiramente a auto-observação, vamos igualmente senti-la como algo inspirador, que nos motiva, nos impulsiona – em contraste com a mente ordinária, que em seu processo compulsivo, é algo definitivamente cansativo!

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